Escoliose é uma patologia ortopédica que acomete a coluna vertebral, caracterizada pela presença de desvios e curvas laterais em formato de “S” ou de “C”. A coluna vertebral, é composta de vários ossos (chamados vértebras) conectados por um tecido elástico que compõe os ligamentos e as articulações. Entre as vértebras possuímos discos intervertebrais cuja função é a de amortecer os impactos e permitir o movimento da vértebra superior sobre a inferior em todas as direções (para frente, para trás, para os lados e movimento de rotação). Todas essas estruturas dão às pessoas a flexibilidade de dobrar, alongar, equilibrar e andar. Compreenda melhor a anatomia da coluna assistindo a esse video.

As vértebras estão sobrepostas. Na visão de perfil a coluna apresenta curvas naturais: lordose cervical e lombar e cifose dorsal e sacral. Na visão anterior a coluna deve ser perfeitamente reta. Na escoliose essa reta é substituída por uma curva, desviando lateralmente o eixo. Às vezes, as vértebras também podem girar (torção), como uns saca-rolhas. Pequenas curvas (desvios) geralmente são assintomáticas e não causam problemas no futuro. Mas uma curva moderada ou grande  e que piora com o tempo pode ser maléfica para a saúde de uma pessoa. Curvas muito grandes podem danificar as articulações e causar artrite na coluna. Também podem fazer com que as costelas se esfreguem contra a pelve, causando dor. Se a coluna vertebral for muito curva pode levar o paciente a apresentar problemas respiratórios (nos pulmões).

 

Figura 1. Coluna vertebral

Fonte: Netter, Atlas de Anatomia Humana

 

Crianças de qualquer idade (até lactentes) podem ter escoliose. O tipo mais comum de escoliose é chamado de escoliose idiopática do adolescente. Geralmente se manifesta na fase de puberdade e/ou estirão rápido do desenvolvimento.

Causa da escoliose

A causa da escoliose idiopática é desconhecida. Ninguém sabe ao certo por que ela ocorre, mas sabe-se que ela pode acometer mais meninas e indivíduos de uma mesma família. Sabe-se que a escoliose idiopática não é causada por fatores como carregar uma mochila pesada, má postura, praticar determinados esportes (ex: judô), ou qualquer outra coisa que você possa fazer. Ou seja, você não tem controle sobre a escoliose. Está nos seus genes. Se ela for desenvolver irá desenvolver. Entretanto deve-se evitar o uso inadequado de mochilas em crianças pequenas ou mochilas com excesso de peso em adolescentes, pois o mesmo pode causar dores musculares. Uma orientação é que crianças pequenas utilizem mochilas com rodinhas ou de tamanho adequado para sua estatura.

Quadro clínico

Grandes partes das escolioses são assintomáticas. Às vezes, é fácil ver a escoliose (deformidade na coluna). Uma curva na coluna vertebral pode fazer o corpo inclinar para a esquerda ou direita. Se você tiver escoliose, pode parecer que você está inclinado para um lado. Algumas pessoas têm um ombro mais alto que o outro ou uma escápula que se destaca mais que a outra. Se sua coluna estiver torcida/torta, um lado da caixa torácica pode ficar mais destacado quando você se inclina para frente. Adolescente do sexo feminino visto de frente pode dar impressão que uma mama é maior do que a outra. Muitas vezes, a escoliose no seu estágio inicial não é observada pelos pais e pelo paciente, sendo observada pelo professor de educação física. Por isso é recomendável uma avaliação por profissionais de saúde, principalmente em crianças em idade escolar ou no estirão do crescimento. Algumas escolas têm programas de rastreamento de escoliose.

Diagnostico

O diagnostico da escoliose é clinico, realizado através de testes específicos como o teste de Adams e avaliação do talhe pélvico. Exames de imagem devem ser solicitados, preferencialmente uma radiografia panorâmica da coluna vertebral. Assim será possível observar e medir a angulação da deformidade. A avaliação do potencial de crescimento com uma radiografia de bacia (avaliação do Risser) também é importante, para assim definir o potencial de gravidade da doença.

Tratamento

O tratamento consiste em acompanhar a evolução das curvas com exames periódicos, em casos específicos o uso de coletes ou cirurgia poderá ser necessário. De uma forma geral a maioria das curvas escolióticas são leves e não necessitam de tratamento específico. Basta o acompanhamento e realização de atividade física como a natação. Se a curva for moderada ou grave, uma atenção especial deverá ser dedicada, principalmente na fase de crescimento rápido (puberdade).

Se o médico achar que sua curva pode piorar ou causar problemas no futuro, provavelmente prescreverá uma ortese (colete) o qual deverá ser utilizado até o termino do crescimento. O colete e a fisioterapia não fazem uma curva existente desaparecer, mas podem impedir que ela piore, alem de aliviar as dores musculares devido ao desbalanço muscular. Pacientes com escoliose grave podem precisar de cirurgia.

Colete (órtese)

Existem vários tipos diferentes de coletes. Se você precisar utilizar algum, o ortopedista decidirá qual o melhor para seu caso e o número de horas que você deverá utilizar. O colete funciona como um dispositivo de retenção que evita que uma curva piore. Ele não tornará sua coluna reta. O intuito é evitar que sua curva progrida para angulações maiores. É muito importante o paciente estar consciente da sua patologia e usar o colete corretamente, pois ele poderá impedir a necessidade de cirurgia futura.

 

Figura 2: Exemplo de órtese (colete) para o tratamento da Escoliose

Fonte: Weiss, Hans-Rudolf. (2010). “Brace technology” thematic series – the Gensingen brace™ in the treatment of scoliosis. Scoliosis. 5. 22. 10.1186/1748-7161-5-22.

Cirurgia

Alguns pacientes com escoliose grave irão precisar de uma cirurgia chamada artrodese vertebral . Durante a operação, um cirurgião endireita a coluna o máximo possível e a mantém no lugar com hastes e parafusos. Esse procedimento é individualizado de acordo com o grau e nível de desvio, o mesmo deve ser bem avaliado antes de ser indicado.

Pablo Erick A Villa ∴

Autor: Pablo Erick A Villa ∴

Sou médico ortopedista pediátrico em Goiânia, possuo título de especialista em Ortopedia Pediátrica emitido pela Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP). Atendo bebês, crianças e adolescentes de todo estado de Goiás. Sinto me muito honrado em poder cuidar do seu bem mais precioso, seu filho. Hoje atendo e realizo minhas cirurgias pelo SUS no Hospital CRER (Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo), local de referência nacional em reabilitação principalmente em crianças com Paralisia Cerebral, Mielomeningocele e deformidades congênitas. Meu consultório privado localiza-se na Clinica do Esporte unidade Buriti e Clinica Fisiogyn onde atendo grande parte dos convênios.